O SUL EM CIMA dessa edição, mostra os trabalhos de DANY LÓPEZ e MARCELO DELACROIX.
DANY LÓPEZ
Compositor, instrumentista, arranjador e produtor artístico, Dany López é um importante representante uruguaio no intercâmbio musical entre o Rio Grande do Sul (BR), Uruguai e Argentina. Foi pianista no show Sin Fronteras (Porto Alegre em Cena 2009), onde conheceu Marcelo Delacroix e formou uma “parceria”, que resultou no disco Canciones Cruzadas, lançado em turnês no Rio Grande do Sul e Uruguai em 2013. El Maestro, como carinhosamente o chamam os músicos que o rodeiam, além de ter realizado música para teatro e acompanhar um grande número de compositores e intérpretes como pianista e tecladista, produziu mais de 15 álbuns, destacando entre eles Mar Abierto, de Daniel Drexler, que recebeu o prêmio Gardel de 2013.
Em 2015 ele lançou seu segundo álbum solo, “Polk”. O disco contém em sua essência, uma ideia integradora de música e dos fenômenos culturais em geral em um repertório que inclui e transcende o regionalismo, os entrelaçando ao rock e pop, e conta com a participação de Vitor Ramil (BR), Zeca Baleiro (BR), Queyi (ES) e Mariana Baraj (AR). “Polk” é um neologismo criado por Dany López para descrever um universo de formas culturais, formas de perceber o mundo e fazer arte. Popular e folclórica (como um fenômeno regional), pop e folk (como um fenômeno universal) integrados em um final que resulta em uma plataforma integradora: um lugar de inclusões. A idéia é integrar as polaridades, transcendendo divisões e categorias, entendendo que, em última análise, os reducionismos e exclusões acabam nos empobrecendo.
“Minha experiência de ouvir música começa numa casa povoada de sons: tango e folclore, música clássica, rock. Duke Ellington e Deep Purple, entre milhões de outras coisas, formando a trilha sonora da minha infância e adolescência. Mais tarde, fui somando mundos como “fazedor” de músicas, tocando para outros, dirigindo distintas formações musicais, arranjando, produzindo, compondo minhas próprias canções – em todas essas ocasiões, cruzando com outras pessoas, com outros universos, e deixando-me contagiar por suas músicas . “Polk” não se restringe à música, mas a um modo de “estar no mundo” e funciona como um organismo permeável ao universo cultural. ” – Dany López
MARCELO DELACROIX
Músico, compositor, cantor, arranjador, produtor e educador musical. Estudou na Escola de Música da OSPA e cursou o Bacharelado e licenciatura em Música na UFRGS, com ênfase no violão. Tem dois discos independentes gravados, Marcelo Delacroix (2000), com o qual ganhou o Prêmio Açorianos de Música de Melhor Disco de MPB, e Depois do Raio (2006), premiado com os Prêmios Açorianos de Melhor Disco de MPB, e Melhor Disco do Ano. Para ouvir mais de Marcelo Delacroix, acesse: http://osulemcima.com/blog/2015/02/21/o-sul-em-cima-2-marcelo-delacroix/
Vamos mostrar no programa O Sul em Cima, músicas dos álbuns POLK de DANY LÓPEZ lançado em 2015 e Canciones Cruzadas (2013) que é fruto de uma parceria musical entre o gaúcho Marcelo Delacroix e o uruguaio Dany López, em que cada músico lança um olhar distinto sobre as composições do outro, cruzando canções, ritmos e influências do Brasil e do Uruguai.
O SUL EM CIMA dessa edição, mostra o trabalho da cantora, pianista e compositora argentina LORENA MAYOL.
1090 dias “é o terceiro álbum de Lorena Mayol. Mas não é apenas um número aleatório, ou a conta caprichosa dos dias que se produziu “1090 dias”, é um momento atemporal, um processo interno de amadurecimento que traz Lorena de volta para casa. Um álbum cheio de belas canções, que miram direto nos olhos, com uma produção e som requintado e internacional. “1090 dias” foi concebido entre Madrid, Buenos Aires e Nova York com o produtor Pablo Sbaraglia (Indio Solari, Proyecto Verona, Man Ray, entre outros) e o Engenheiro Héctor Castillo (Roger Waters, David Bowie, Bjork, Rufus Wainwright, Lou Reed, Gustavo Cerati, entre outros). Participaram da gravação Fernando Lupano, Jorge Minnisale, Gaspar Benegas, Pablo Sarcos (Sarcófago), Pablo Sbaraglia, Martin Bruhn, Marina Sorín, Luca Frasca, Vivi Rama, Juan Cruz Peñaloza e José Gómez entre outros.
Lorena começou sua carreira musical em Buenos Aires, como fundadora, tecladista e vocalista do grupo Carmelas com a qual lança o disco Carmela (1995) . Logo estréia como solista com seu primeiro álbum, Mío (2001), onde mostra seus pontos fortes como compositora e vocalista. O disco é apresentado simultaneamente na Argentina e Espanha. Cinco anos depois, lança Resbalar (2006) em ambos os países, apresentando ao vivo em várias turnês pela Espanha. Este álbum, acústico, coloca várias de suas canções (“Resbalar” “Nada queda dicho” e “Que vuelvas”) na televisão da Argentina e Espanha. Com “1090 dias”, Lorena volta a Buenos Aires, sua cidade natal, para revelar a sua mais recente criação, um registro que pode ser considerado o ponto mais alto da sua carreira artística.
“Algumas canções são mulheres que te amam por toda vida. E a gente vive bem dentro delas. As mulheres as vezes querem cantar. Há as que cantam o que outros compõem. E há as que contam – como ninguém – suas próprias canções. São cantautoras, ou “storytellers” como Polly Jean ou Rickie Lee. Sim, de acordo, há muitas. Mulheres e canções. Porém só conheço uma mulher capaz de cantar assim – ao deslizar dentro de suas canções. E de compor algumas dessas “forever”, nascidas com a intenção de ficar com a gente, para sempre… Ela é argentina e se chama Lorena Mayol”. (Alberto Casal – jornalista).
O SUL EM CIMA nº 1 de 2017 é dedicado ao grupo PURAHÉI TRIO, formado por ROMY MARTÍNEZ (Paraguai), CHUNGO ROY (Argentina) E MAIARA MORAES (Brasil).
Depois do primeiro disco do grupo (Paraguay Purahei), que foi um trabalho feito usando o cancioneiro paraguaio como matéria prima, este projeto propõe a partida de seu ponto de origem em direção a novas paisagens. Percorrendo os caminhos dos rios, desde a foz até o encontro com o mar, a poética que percorre todo o imaginário deste trajeto é construída em torno do da água. Água como caminho. Água como modo de sobrevivência. Água como o tempo que passa.
E ao fim da jornada que se empreende chegam novas paisagens, novas perspectivas, mas chega também a saudade, a nostalgia. Se recriam as imagens de um passado idealizado, vivido ou não, as lembranças e os sentimentos da infância, da família, do povoado, da terra. As idealizações de um Brasil profundo que, mesmo quem não o viveu, carrega consigo, quem sabe através de uma memória coletiva, compartilhada.
O projeto foi selecionado no primeiro lugar do Prêmio da Música Catarinense/Edital Elisabete Anderle 2014, e tem como ponto de partida pesquisar as músicas de uma região que pouco se conhece e que pouco lugar tem nas projeções do que seria a identidade cultural brasileira. É uma região muito ampla, as fronteiras que o Brasil possui com dois países: Paraguai e Argentina, ou seja, os estados do Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul. E embora tenha tido uma produção cultural – aqui falamos de música – que foi extremamente popular em diversos momentos da história da música brasileira, pouco é reconhecida como representante de uma brasilidade.
Longe dos estereótipos do carnaval, do samba, do país tropical, esta música e sua poética estão ligadas às imagens calmas do pampa e da margem do rio, usa palavras e expressões que vêm do espanhol, do guarani, toma forma através de gêneros como a guarânia, o chamamé e a milonga. Todas essas formas de expressão que são tão paraguaias e argentinas, quanto brasileiras.
Assim foi escolhido e arranjado o repertório. Contemplando diversos gêneros, regiões, compositores contemporâneos e tradicionais, a temática que unifica as canções escolhidas é o cantar desta terra através das letras e das formas musicais. Os arranjos buscam ressignificar e renovar este repertório por vezes esquecido dentro do cancioneiro da música popular brasileira.
Alguns clássicos da música mato-grossense receberam novas versões, como Tocando em Frente e Sonhos Guaranis. Paulo Simões, co-autor de Sonhos Guaranis, ao ouvir a versão em guarani e a gravação de sua canção feita pelo trio, disse: “Romy, fiquei emocionado em dobro, ouvindo seu belo trabalho (e de seus companheiros) e, em seguida, lendo suas palavras tocantes (referindo-se à versão). Realmente, às vezes, compor canções pode valer muito a pena”. Outra música muito conhecida que recebeu novo arranjo foi Tristeza do Jeca, ressaltando a forte influência que a música caipira (e brasileira de uma forma geral) recebeu da música latino-americana e paraguaia, mais especificamente.
PURAHEI TRIO
Maiara Moraes é flautista. Sua formação começou em Florianópolis – cidade onde cresceu – e passou pelo Conservatório de Tatuí, EMESP (SP), Escola Municipal de São Paulo, professores particulares em Buenos Aires e São Paulo. Sempre se dedicou ao estudo da música popular latino-americana, especialmente a brasileira,com foco na interpretação e improvisação dentro dos gêneros. Atualmente participa de diversos grupos de forró, samba, choro e música instrumental, além de ser mestranda em música na UNICAMP, onde, sob orientação do Prof. Dr. Rafael dos Santos, realiza uma pesquisa sobre o grande flautista Copinha, falecido em 1984.
Chungo Roy é pianista, arranjador e compositor, nascido na cidade de Posadas (Misiones/AR). Desde 1999 reside em Buenos Aires onde se apresentou ao lado dos músicos mais importantes da cena musical de Buenos Aires e Montevideo como Rubén Rada, Pipi Piazzolla, Ramiro Flores e Osvaldo Fatorusso. No quinteto de Daniel Maza como tecladista, arranjador e compositor; no grupo de Matias Mendez como tecladista; além de desenvolver seu projeto como pianista e compositor ao lado de Ezequiel Canteros, Andrés Pellican e Pablo Gonzalez. Em 2015 finalizou a Diplomatura em Música Argentina, sob direção de Juan Falú e Lilián Saba, na qual se especializou em estilos como tango, chacarera, gato, zamba, milonga e música litoraleña. Tendo em sua formação diversas influências como do folclore argentino, jazz e música clássica, em seu trabalho criativo busca expandir os estilos tradicionais – harmonias e melodias – trazendo novas sonoridades a esta música.
Romy Martínez é cantora, pesquisadora e compositora /versionista. Nascida em Cidade do Leste (Alto Paraná, PY), sua carreira e formação acadêmica transcorrem entre o Paraguai, Brasil e Argentina. É proficiente em espanhol, português, guarani e inglês. Desenvolve projetos de música e pesquisa com artistas e gêneros de diversas nacionalidades, principalmente os inter-relacionam a diversidade cultural da região do Cone Sul latino-americano. Trabalhou e colaborou com Carlinhos Antunes, Willy González, Alegre Corrêa, Badi Assad, Juan Falú, Rudi Flores e Néstor Acuña, entre outros músicos e artistas. É licenciada em música pela UDESC (2008). Cursou Etnomusicología e, Tango e Folclore no Conservatório Manuel de Falla de Buenos Aires, cidade onde residiu entre 2011 e 2014. Atualmente é mestranda do Programa de Pós-graduação em Integração da América Latina da USP, sob orientação dos Prof. Dr. Renato Seixas e Alberto Ikeda onde realiza sua pesquisa sobre músicas da fronteira entre o Paraguai, Argentina e Brasil.
Participações especiais no disco Yrupa Purahéi:
Lea Freire flautas baixo e contrabaixo, Bebê Kramer no acordeom, Duo A corda em Si (Mateus Costa e Fernanda Rosa) contrabaixo e voz, Carlinhos Antunes na viola caipira.
No site do grupo www.puraheitrio.com está disponível para download o disco Yrupa Purahéi (2016), além de vídeos de cinco músicas desse trabalho, onde cada uma é acompanhada por uma breve explicação sobre o gênero apresentado, seu compositor e pela partitura do arranjo elaborado pelo trio.
Vamos ouvir no programa O Sul em Cima, as músicas do CD YRUPA PURAHÉI Canções das Margens do Rio: 1 – Estrangeiro (Alegre Corrêa / Romy Martinez)
2 – Batendo água (Luiz Marenco / Gujo Teixeira)
3 – Tristeza do Jeca (Angelino de Oliveira)
4 – Tapera (Vitor Ramil / João da Cunha Vargas)
5- Pé de cedro (Zacarías Mourão / Goiá)
6 – Irupé (Chungo Roy)
7 – La Cautiva (Emiliano R. Fernández / Agustín Larramendia)
8 – Tocando em frente (Almir Sater / Renato Teixeira)
9 – Milonga três nações (Fernanda Rosa / Versão guarani-espanhol: Romy Martínez)