Primeiro Ato

Para quem gosta de dança, vale a pena assistir o grupo mineiro “Primeiro Ato”. Eles estão circulando o país com várias apresentações e com programas variados. Aqui no Rio ainda podem ser vistos  no Teatro Tom Jobim, no Jardim Jardim Botânico. O espetáculo chama-se “Geraldas e Avencas” e tem trilha sonora de Zeca Baleiro. Suely Machado responde pela direção e coreografia e os bailarinos estão muito Dós acima: afiados, inspirados e animados.

Acompanho a carreira do grupo há mais de uma década e sempre saio feliz e motivado com novas idéias de seus espetáculos. 
Bom programa!

Alma tocada pela ópera Norma

Sou um ser musical antes de literário e normalmente o que me prende em primeiro lugar são as soluções harmônicas e as melodias.
Na Ópera Norma, de Bellini, havia momentos em que percebia enorme beleza estética no conjunto harmônico. Procurava escutar com atenção a relação entre os naipes da enorme orquestra (Orquestra Sinfonica Nacional da Síria  e grande coral). Delicio-me buscando perceber quantos e quais os instrumentos de orquestra que estão em ação (quem sabe um dia possa fazer igual – é uma grande escola). Havia momentos fascinantes de movimentos ritmicos na base harmonica que sustentavam a melodia de forma inusitada. E muito variada. Sim. Bellini não se contentava com a repetição de formas e isso torna o desenvolvimento da obra saborosa em cada conjunto de compassos. As melodias não me surpreenderam tanto e em alguns momentos pareciam mais exercício acrobático para as vozes dos solistas do que própriamente adequadas para transportar o libreto. A compreensão do texto, em italiano, estava comprometida pelas vozes impostadas com técnicas de cantores líricos, portanto minha natural dificuldade de mergulhar em textos cantados ficou ainda mais prejudicada. Porém fiquei saciado e muito impressionado com a força interpretativa da soprano sérvia Tatiana Seijan. Divina! Eu sabia que tratava-se de um drama com morte dos personagens solistas ao final da Ópera o que ajudava. Mas era realmente impressionante a incorporação da personagem feminina na soprano, que se  evidenciava pelo rosto transmutado em sofrimento profundo sagrado. Em muitos momentos em que fiquei hipnotizado pela sua performance passava-me pela cabeça que ela estaria naquele momento, como ninguém jamais havia feito, expressando em forma de música, através da voz que vinha direto de sua alma e daquele olhar indescritível que nada vê, que tudo vê, o sofrimento existencial de toda a humanidade que até hoje não entende seu significado. 



A regência é de Riccardo Mucci. 
Teatro Romano de Bosra (ruínas do imperio romano) – Síria

História de Aline Mariano.


Aconteceu uma coisa muito estranha ontem. Fui a um churrasco (churrasco para os outros pois não como carne) e levei meu CD Atorretrato para mostrar aos amigos, todos adoraram, muitos nem conheciam a dupla enfim, foi uma festa com o CD. Depois da algazarra, o guardei na minha bolsa, a deixei em uma cadeira e fui fazer a social. Na hora de ir embora fui pegar a chave do carro e me surpreendi com um volume a menos dentro da bolsa. “Cadê meu CD?!” Procurei, perguntei e nada. Tudo bem, pelo menos o surrupiador tem bom gosto, espero que aproveite e escute muito. Já em abstinência, saí hoje para comprar outro e quem disse que eu achei? Vou ter que encomendar. Estou desiludida… Pelo menos ainda tenho o DVD

Letra e Ópera

“Se a vida arde, bate a saudade, dá uma vontade de te ver…” 
Celeste, obrigado por lembrar dessa  parte de BRY que adoro.

Estava assistindo a ópera “Norma” de Bellini. Quem tiver a oportunidade de escuta-la com a soprano Tatiana Seijan, aproveite. Magnífica!

Carricondes e amigos do Blog

Primeiro quero agradecer, de uma maneira geral, as pessoas que tem frequentado meu blog como a Neide, Celeste, Aline, Isana e outros amigos e amigas que me privilegiam. Nem sempre respondo diretamente mas tenham certeza que leio, acompanho os bate-papos e fico grato com seus textos, alguns realmente muito emocionantes.
A pergunta sobre a Cristina Carriconde levou-me por uma deliciosa viagem. Conheço sim a Cristina há bastante tempo e a considero uma grande fotógrafa (vale muito conhecer seu trabalho). Mas antes dela, conheci o seu tio João Carriconde, em Porto Alegre, umas das pessoas mais bem-humoradas e feliz que encontrei até hoje. Convivi com ele intensamente nos anos 70 pois era companheiro de uma
tia, com quem eu morava. Eles tinham uma turma animada. O “Carrica” como ela o chamava (para nós era o Dr. Carriconde – advogado) estava sempre bem disposto para tudo. Quando as vezes me dava carona em seu carro e eu não querendo abusar dizia: “Aqui está ótimo, bem perto da faculdade”. Ele respondia: “Porque? É o carro que está fazendo força, não eu” e ria, ria, ria e acelerava. Era muito divertido. E agora pasme, Cristina, você que é fotógrafa. Sabe o que eu ganhei dele, entre outras coisas? Uma Leica! É! Aquela câmera fotográfica lendária, com equipamento completo. Então essa história de fotografia está no sangue de sua família. E ele era muito exigente com o que fazia. Não era uma máquina qualquer. Era uma Leica! E sabendo que era apaixonado por essa arte, deixou-me esse legado. Do Carrica ficaram lembranças maravilhosas que é o mais importante e que levo vida afora. São pessoas como ele que fazem diferença.

K&K no Kanecão

Nessa foto  deu pra ver que pelo menos estamos nos esforçando…
(Cristina Carriconde, desculpe pois confundi com outra foto sua!)

Carta a Arthur Dapieve

Oi Da Pieve, Fiquei feliz em sentir hoje, lendo Exílios (O Globo), o resgate do amor pelos gaúchos depois de viver há tanto tempo no Rio. Ontem no Canecão onde lançamos o Autorretrato (Kleiton e Kledir) fiquei supreso com a quantidade de sulistas presentes, apesar da chuva fria e do transito caótico. Não tem tempo ruim para a gauchada! Seu artigo ajudou-me a esclarecer esse sentimento de exilados que nos une. É verdade que em qualquer teatro do Brasil onde nos apresentamos sempre há gaúchos por perto (também em Paris onde morei anos 90 e por toda europa). Mas ontem era a maioria de um teatro quase lotado! Não há dúvida que todos buscamos repostas a nosso respeito. De onde viemos…o que somos realmente… Meu avô, como o seu, era também um imigrante, nesse caso da Galícia, Espanha e eu fui o primeiro Ramil que voltou e resgatou esse “elo perdido” com a família espanhola. Tem um primo por lá, também músico como nós, que já ganhou 4 vezes o prêmio de melhor tecladista do ano no país. Certamente você deve ter primos, por ora apenas presumíveis, que escrevam muito bem!Para esse novo trabalho resolvi beber na fonte da fonte, escutando música celta o que me inspirou em algumas frases para o violino, que podem soar pouco brasileiras a ouvidos mais radicais, mas como somos todos na verdade estrangeiros ou “passageiros de algum trem” porque não? O Brasil é país de passado recente, comparado aos europeus, por exemplo. E o Rio Grande do Sul foi um dos últimos estados colonizados. Ou seja: um contingente enorme de “vovôs e vovós”, que falavam uma mistura do português com sua língua natal, vieram de fora desse país. Por isso foi intensa a emoção quando li seu texto porque lembrei desse sentimento forte de estar “longe tão perto” em relação a cultura exuberante do centro do país, quando morava em Pelotas (quase na fronteira sul) e depois em Porto Alegre. Sem dúvida é um outro mundo. O que nos dá liberdade sim de sermos brasileiros, mas também de pertencermos a um tribo formada por exilados vindos de todo o planeta.

Abraços,

De Ramil

Mercedes Sosa

Sentiremos muita falta de Mercedes, de seu talento e de sua infinita generosidade.
Guardaremos em nossos corações momentos maravilhosos que tivemos oportunidade de estar com ela.
Obrigado por tudo querida amiga.