O SUL EM CIMA 20 / 2023
Nessa edição de O Sul em Cima, vamos mostrar os trabalhos de JOÃO MALDONADO e BADI ASSAD
JOÃO MALDONADO (Porto Alegre) celebra 40 anos de carreira com álbum instrumental gravado ao vivo. ‘João Maldonado – 8’ chegou em todas as plataformas de streaming em janeiro. Além de composições próprias, o álbum traz releituras de sucessos do TNT, banda que Maldonado integrou no final dos anos 1980, Art Blakey & The Jazz Messengers e Wayne Shorter. Em 2019, o pianista João Maldonado lançou o primeiro álbum de jazz BEAUTY, vencedor do Prêmio Açorianos de Disco Instrumental do Ano. Em 2021, veio Solitude, com oito peças para piano que passeiam pelo estilo minimalista e pela música contemporânea. Agora, para celebrar 40 anos de carreira, ele retorna às plataformas de streaming com João Maldonado – 8, gravado ao vivo no Espaço 373 e no Butiá, trazendo oito músicas que contou com a participação de importantes nomes da cena gaúcha: além de Maldonado (piano), Miguel Tejera (baixo), Gian Becker (trompete), Amauri Iablonovski (sax alto), Cristiano Ludwig e Diego Ferreira (sax tenor) e a trombonista japonesa Nana Sakamoto. O repertório inclui músicas de BEAUTY e Solitude, releituras de Nunca mais voltar (TNT), Little Man (Art Blakey & The Jazz Messengers) e Witch Hunt (Wayne Shorter). Canções que vão de duo a octeto, mostrando toda diversidade, improvisação e democracia que são característicos do jazz.
“Gravar 8 é um resgate da minha história com a música, que iniciou aos 18 anos, quando deixei a casa dos meus pais para tocar numa banda instrumental de Florianópolis, formada em sua maioria por homens mais velhos que tinham outras profissões. Fui praticamente adotado por eles. Depois retornei a Porto Alegre para entrar na segunda fase do TNT (final dos anos 1980); me mudei para o Chile, onde fui considerado o melhor guitarrista daquele país; retornei à Capital gaúcha e ao TNT, até que em 2019 resolvi construir meu nome. “Ainda estou, e sempre estarei, em eterna construção e desconstrução para que todos os públicos possam sentir a minha música”, diz Maldonado. Músicas do álbum ‘8’: 01 – Hsu a Espera – João Maldonado // 02 – Nunca Mais Voltar – Charles Master e Luis Henrique Gomes // 03 – Witch Hunt – Wayne Shorter
BADI ASSAD – Mariângela Assad Simão, nasceu em 23 de dezembro de 1966, na cidade de São João da Boa Vista, SP. A virtuosa cantora, violonista, compositora, percussionista, autora e atriz emergiu como uma das artistas mais versáteis de sua geração. Com 20 álbuns lançados em todo o mundo e mais de 40 países visitados, seu CD Wonderland, de 2006, foi selecionado entre os 100 melhores da influente BBC London. A revista americana Guitar Player a selecionou como uma das violonistas que revolucionariam o mundo, entre artistas como Ben Harper e Ani DiFranco. O filme sobre sua vida “Badi” (2018) dirigido por Edu Felistoque, ganhou prêmio de melhor documentário no LABRFF (Los Angeles Brazilian Film Festival). Em Junho de 2020 foi selecionado para participar do prestigiado “Festival du Cinéma de Paris. Na imprensa musical norte-americana, Badi foi identificada como a “one woman band” (em tradução livre, banda de uma mulher só), carinhosamente apelidada, devido a seu virtuosismo. Com o encanto de uma diva, ela canta, toca violão, dança e transforma sua própria voz e corpo em percussão. E tudo ao mesmo tempo. Transcendendo suas raízes brasileiras, Badi faz uma mistura que vai desde a MPB, pop e world music, até o jazz e sons étnicos de todo o mundo. O resultado é um gênero de música emocionante que, literalmente, desafia qualquer categorização.
Em 2022, foi vencedora do 6º prêmio de melhor instrumentista do ano, segundo júri técnico, pela Womens Music Event. Seu mais recente álbum, “Ilha” lançado tbm em 2022, tem a produção musical assinada por Marcio Arantes e traz parcerias com Chico César, Dani Black, Alzira E, Lívia Mattos e Lucina. O que aconteceria se a humanidade sofresse um naufrágio e os sobreviventes encontrassem uma terra firme para recomeçar? Essa é a indagação que o novo álbum “Ilha”, de Badi Assad, aborda. O álbum abre um diálogo entre diferentes gerações para cercar e acertar o início de um novo mundo. “São reflexões e sentimentos sobre o lugar de onde viemos, sobre as energias opostas e complementares, masculina e feminina, sobre ter encontrado um lugar seguro representado por uma ilha”, comenta a artista. Perto de completar 35 anos de carreira, a artista mescla, de forma sempre inusitada, a música popular com erudita, música experimental com tradicional, rock com baião, batida ritmada com arpejos. Com 20 discos lançados ao longo da carreira, é nesse caldeirão de sons que é reconhecida em todo o mundo. Músicas: 01 – Ilha das Flores – Badi Assad e Lívia Mattos // 02 – Do Silêncio veio o Som – Badi Assad e Chico César // 03 – Fruto – Badi Assad e Lucina // 04 – Ilha do Amar – Badi Assad e Dani Black – feat Dani Black // 05 – Traga-me – Badi Assad e Alzira Espíndola // 06 – Eterno! – Badi Assad
Contatos:
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Flor da estrada é disco que cultua a liberdade em repertório em que Nina cruza tradições e contemporaneidades sob a moderna direção musical do irmão Guto Wirtti (guitarra, violão, baixo, teclados e sintetizadores) e Marcelo Costa (percussões), produtores do álbum ao lado da artista. Em temática que privilegia gêneros genuínos da artista, bem como a exaltação às particularidades do cancioneiro produzido no seu estado natal – o Rio Grande do Sul – junto à países vizinhos como Argentina, Paraguai e Uruguai, Wirtti apresenta seu lado autoral e o refino de composições assinadas por nomes como Cartola, Hermínio Bello de Carvalho, João Nogueira, Chico César, Marcos Sacramento e Socorro Lira, além do historiador Luiz Antônio Simas. Formatado em estúdio entre 2020 e 2022, tendo como norte o show transmitido pela artista pela internet na era pandêmica com Guto e Marcelo, o álbum Flor da estrada se afina com as pautas comportamentais e políticas dos tempos atuais sem cair em terreno panfletário. Musicalmente, o disco está enraizado no mix de guitarras, sintetizadores e percussões, ecoando ancestralidades afro-brasileiras e tradições gaúchas. As participações especiais são Luis Barcelos (bandolim), Bebê Kramer (acordeon) e Clarissa Ferreira (violino) que também é escritora contemporânea e cunhou o termo “gauchismo liquido” ao questionar as tradições patriarcais e racistas que marcam a cultura gauchesca em contraponto com as canções libertárias.
Virtuose, lirismo, garra e muita personalidade são características marcantes nas interpretações de Nina Wirtti, que traz também para o inovador Flor da Estrada, composição de sua autoria, além de assinar a co-produção musical do álbum.
Músicas: 01 – Donas da Alegria – Luiz Antonio Simas // 02 – Brasillhana – Talo Pereyra e Robson Barenho // 03 – Bela Cigana – João Nogueira e Ivor Lancellotti – feat Marcelo Costa // 04 – Cheirando a Primavera – Talo Pereyra e Robson Barenho – feat Bebê Kramer // 05 – Cativeiros – Antonio Gringo – feat Antonio Gringo e Grazie Wirtti // 06 – Teus Olhos – Nina Wirtti e Marcos Sacramento – feat Luis Barcelos // 07 – Deusa Livre – Socorro Lira e Chico César – obs.: voz de Socorro Lira introduz Deusa livre, parceria da compositora paraibana com o conterrâneo Chico César.
FERNANDO JAPIASSÚ – Nascido na Paraíba, capital, filho de pais pernambucanos que lá estavam a trabalho, Fernando Japiassú muda-se para o Recife aos 12 anos de idade. Participa do forte movimento de bandas de rock dos anos 80 tocando e compondo para A Banda, Cidade Vazia, Zerbo (o croata), Siricongados, entre outras. Entra para o Conservatório Pernambucano de música para estudar violão clássico com Guilherme Calzavara e faz a sua formação teórica com os maestros Revoredo e Edson Rodrigues. Depois cursa o bacharelado em violão com o professor Mauro Maibrada na UFPE. Fã do processo de gravação e produção musical, tem seu primeiro contato com estúdios em 1988 sob a produção de Paulo Raphael. A partir dos anos 90 começa a trabalhar com gravações e produções de trabalhos artísticos e publicitários. Em 2014 constrói o estúdio Toca do Japi onde tem oportunidade de gravar nomes como Fagner, Léo Gandelman, maestro Spok, Mestrinho, entre outros e começa a trabalhar no seu disco Confraria da Toca, que finalmente é lançado em 2020 e que conquistou o 11º Prêmio da Música de Pernambuco.
Confraria da Toca é ponto de chegada de uma carreira de décadas do instrumentista Japiassú. Receber amigos músicos em sua casa ao longo de diversos anos é um privilégio de poucos. O compositor Fernando Japiassú soube aproveitar o presente com grande habilidade. Dos encontros com Silvério Pessoa, Isabela Moraes, Lucas dos Prazeres, Almério, Josildo Sá e dezenas de outros artistas, saíram as faixas que compõem o disco Confraria da Toca, lançado em janeiro de 2020. Um catálogo de memórias e imersões musicais que registram não apenas a versatilidade de Japiassú, mas a delicadeza para trabalhar com a multiplicidade.
Músicas: 01 – Confraria da Toca – Augusto Silva, Fernando Azula, Fernando Japiassú, Gilberto Bala e Renato Bandeira – part especiais: Riáh e Pepê da Silva // 02 – Logoff – Fernando Japiassú/Danilo Mariano – part especial: Almério // 03 – Balada do Amado Ausente – Augusto Silva, Fernando Japiassú, Gilberto Bala e Renato Bandeira – part especiais: Almério e Renato Bandeira // 04 – Vagão – Fernando Japiassú e Paulo Valença – part especiais: Maciel Melo e Júlio César Mendes // 05 – Canção em Preto e Branco – Fernando Azula e Fernando Japiassú – part especiais: Isabela Moraes e Lucas dos Prazeres // 06 – A Ciranda – Danilo Portela, Fernando Japiassú e André Matos – part especiais: Mazo Melo e Reppolho // 07 – Aos que Esperam – Fernando Japiassú e Danilo Portela – part especiais: Silvério Pessoa e Renato Bandeira
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Rita Lee Jones de Carvalho nasceu em São Paulo em 31 de dezembro de 1947. Rita era a filha mais nova de uma família de classe média paulistana. Filha do dentista Charles Fenley Jones, paulista descendente de imigrantes norte-americanos e de Romilda Padula, filha de imigrantes italianos. Romilda era pianista, e incentivou a filha a estudar o instrumento e a cantar com as irmãs (Mary Lee Jones e Virgínia Lee Jones). Rita Lee nasceu e cresceu no bairro da Vila Mariana, onde viveu até o nascimento de seu primeiro filho (Rita Lee e Roberto de Carvalho tiveram três filhos. Beto Lee, nascido em 1977, seguido por João em 1979, e Antônio em 1981). Em entrevistas, revelou que esse bairro lhe era especial, já que lá tem uma grande parte de todas as melhores lembranças de sua vida. A artista foi educada no colégio franco-brasileiro Liceu Pasteur, era poliglota e chegou a ingressar no curso de Comunicação Social na Universidade de São Paulo em 1968. Aos 16 anos, Rita integrou um trio vocal feminino, as Teenage Singers, e fez apresentações amadoras em festas de escolas. O cantor e produtor Tony Campello descobriu as cantoras e as chamou para participar de gravações como backing vocals. Em 1964 ela entrou em um grupo de rock chamado Six Sided Rockers que, depois de algumas mudanças de formações e de nomes, deu origem aos Mutantes em 1966. O grupo foi formado inicialmente por Rita Lee, Arnaldo Baptista e Sérgio Dias. Ela fez parte dos Mutantes no período mais relevante e criativo da banda, de 1966 a 1972. A carreira pós-Mutantes tomou forma com o grupo Tutti Frutti (1973-1978), no qual ela gravou cinco álbuns, com destaque para “Fruto proibido”, de 1975.
Em 1976, Rita Lee conheceu o músico carioca Roberto de Carvalho e iniciou uma parceria musical e amorosa de sucesso, que seguiu até o final de sua vida. A partir de 1979, Rita e Roberto começaram a fazer discos e shows juntos e inauguram uma fase superpop, de enorme empatia popular, se firmando de vez na carreira solo. Rita era uma roqueira popular antes e depois de o gênero se tornar um fenômeno comercial no Brasil em meados dos anos 80. Entre os álbuns de destaque estiveram “Saúde” (1981) e “Rita e Roberto” (1985), com o qual os dois subiram ao palco do primeiro Rock in Rio. Por volta de 1991, ela começou um período de quatro anos separada de Roberto de Carvalho. O retorno foi em 1995, na turnê do álbum “A marca da Zorra”, quando ela também abriu os shows dos Rolling Stones no Brasil. No ano seguinte, eles se casaram no civil após 20 anos juntos. Em 2001, Rita Lee ganhou o Grammy Latino de Melhor Álbum de Rock em Língua Portuguesa com “3001”. Ela ainda teria mais cinco indicações ao prêmio, e receberia em 2022 o prêmio de Excelência Musical pelo conjunto da obra. Seu último álbum de canções inéditas em estúdio saiu em abril de 2012. “Reza” era, então, seu primeiro trabalho de inéditas em nove anos. A faixa-título foi a música de trabalho, definida por ela como “reza de proteção de invejas, raivas e pragas”. Ao todo foram 40 álbuns, sendo 6 dos Mutantes, 34 na carreira solo.
De 1986 a 1992 escreveu quatro livros infantis, tendo como protagonista o rato cientista Dr. Alex. Em 2013 publicou o livro Storynhas, ilustrado por Laerte. Em 2017 lançou um livro de contos chamado Dropz e em 2019 a obra infantil Amiga Ursa: uma história triste, mas com final feliz. A cantora também lançou a sua primeira autobiografia, em 2016, chamada Rita Lee: uma autobiografia, o livro FavoRita em 2018 e em 2023 sua segunda obra autobiográfica, intitulada Rita Lee: outra autobiografia.
Rita foi considerada uma das musicistas mais influentes do Brasil. Participou de importantes revoluções no mundo da música e da sociedade. Suas canções, em geral regadas com uma ironia ácida ou com uma reivindicação da independência feminina, tornaram-se onipresentes nas paradas de sucesso. A irreverência, sua característica mais marcante, a fez rejeitar o título de Rainha do Rock brasileiro. Em entrevista à revista Rolling Stone Brasil, Rita confessou que considerava o apelido cafona. Disse preferir ser conhecida como Padroeira da Liberdade. Rita Lee construiu uma carreira que começou com o rock, mas que ao longo dos anos flertou com diversos gêneros, como a psicodelia, durante a era do tropicalismo, o pop rock, new wave, o pop, bossa nova e eletrônica, criando um hibridismo pioneiro entre gêneros internacionais e nacionais. A cantora anunciou sua aposentadoria dos palcos em 2012 e passou os últimos anos reclusa em um sítio na Grande São Paulo com o marido, Roberto. Ela foi diagnosticada com câncer de pulmão em maio de 2021 e infelizmente faleceu aos 75 anos, em 8 de maio de 2023.
Músicas: 01 – Rita Lee – Rita Lee, Sérgio Dias e Arnaldo Baptista – álbum ‘Mutantes’ 1969 // 02 – Panis Et Circenses – Gilberto Gil e Caetano Veloso – álbum ‘Os Mutantes’ 1968 // 03 – Mamãe Natureza – Rita Lee – álbum Atrás do Porto tem uma Cidade – Rita Lee & Tutti Frutti 1974 // 04 – Coisas da Vida – Rita Lee // 05 – Nem Luxo nem Lixo – Rita Lee e Roberto de Carvalho // 06 – Balada do Louco – Rita Lee e Arnaldo Baptista // 07 – Ando Meio Desligado – Rita Lee / Sérgio Dias e Arnaldo Baptista – faixa do álbum ‘Em Bossa ‘N Roll’ // 08 – Saúde – Rita Lee e Roberto de Carvalho – álbum Saúde 1981 // 09 – Minha Vida (In my life) de Lennon e McCartney – do álbum Aqui, Ali, Em qualquer lugar 2001 // 10 – Reza – Rita Lee e Roberto de Carvalho – Álbum Reza 2012 // 11- Jardins da Babilônia – Rita Lee e Lee Marcucci // 12 – Ovelha Negra – Rita Lee (músicas 4,5,6,11 e 12 do álbum Acústico MTV 1998)
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Nessa edição de O Sul em Cima vamos apresentar o Grupo (Coletivo) de Artistas UMA TERRA SÓ, mostrando os artistas: Carlos Di Jaguarão, Chico Lobo, Cristina Saraiva, Guilherme Rondon e Paulinho Pedra Azul.