O Sul Em Cima 22 / 23 – VITOR RAMIL

O SUL EM CIMA dessa semana é dedicado a obra de VITOR RAMIL, mostrando em especial músicas de seu mais recente trabalho FOI NO MÊS QUE VEM, lançado em 2013.
Compositor, cantor e escritor, o gaúcho Vitor Ramil começou sua carreira artística ainda adolescente, no começo dos anos 80. Aos 18 anos de idade gravou seu primeiro disco Estrela, Estrela (1981), com a presença de músicos e arranjadores que voltaria a encontrar em trabalhos futuros, como Egberto Gismonti, Wagner Tiso e Luis Avellar, além de participações das cantoras Zizi Possi e Tetê Espíndola.
1984 foi o ano de A paixão de V segundo ele próprio. Com um elenco enorme de importantes músicos brasileiros, este disco experimental e polêmico, produzido por Kleiton e Kledir, proporcionou ao público uma espécie de antevisão dos muitos caminhos que a inquietude levaria Vitor Ramil a percorrer futuramente. Eram 22 canções cuja sonoridade ia da música medieval ao carnaval de rua, de orquestras completas a instrumentos de brinquedo, da eletrônica ao violão milongueiro. As letras misturavam regionalismo, poesia provençal, surrealismo e piadas. Deste disco a grande intérprete argentina Mercedes Sosa gravou a milonga Semeadura.
Em 1987, tendo trocado o sul do Brasil, Porto Alegre, pelo Rio de Janeiro, Vitor lançou Tango (1987). O letrista se afirmava e o compositor tornava-se mais sutil.
Na passagem dos anos 80 para os 90, Vitor afastou-se dos estúdios e passou a dedicar-se ao palco. Foi quando nasceu o personagem Barão de Satolep, um nobre pelotense pálido e corcunda, alter-ego do artista.
No período, não só se definiu a música e postura do Vitor Ramil dos discos que viriam a ser gravados na segunda metade dos anos 90 como se apresentou o Vitor Ramil escritor, através da novela Pequod, ficção criada a partir de passagens da infância do autor, de sua relação com o pai, de suas andanças pelo extremo sul do Brasil e pelo Uruguai. A partir do lançamento deste primeiro livro, em 1995, de grande repercussão junto à crítica e recentemente lançado na França, o artista passou a ocupar-se duplamente: música e literatura.
Mas mais do que pela escritura de Pequod os anos 90 ficaram marcados para Vitor Ramil como os anos em que começou a refletir sobre sua identidade de sulista e sua própria criação através do que chamou de A estética do frio. A busca dessa “estética do frio” deu-lhe a convicção de que o Rio Grande do Sul não estava à margem do centro do Brasil, mas sim no centro de uma outra história.
Nesse momento, significativamente, ele deixava o Rio de Janeiro para voltar a viver no Sul.
Em 1995 foi lançado o disco à Beça. Em Ramilonga – A Estética do Frio (1997) Vitor inaugura as sete cidades da Milonga (ritmo comum ao Rio Grande do Sul, Uruguai e Argentina): Rigor, Profundidade, Clareza, Concisão, Pureza, Leveza e Melancolia. Através delas a poesia de onze “ramilongas” percorre o imaginário regional gaúcho mesclando o linguajar gauchesco do homem do campo à fala coloquial dos centros urbanos. Pela contundência de suas idéias, pela originalidade de sua concepção, Ramilonga é uma espécie de marco zero na carreira de Vitor Ramil.
Em 2000 lançou Tambong, gravado em Buenos Aires, sob a produção de Pedro Aznar. Esse trabalho saiu em duas versões, português e espanhol. Outubro de 2004 é a data de lançamento de Longes, seu sexto álbum, também gravado em Buenos Aires e produzido por Pedro Aznar.
No final de 2004, por ocasião do lançamento de Longes, Vitor publica A estética do frio – Conferência de Genebra (Satolep Livros), edição bilingue (francês-português) da palestra apresentada na cidade Suiça em 2003. Desde então, as idéias contidas nesse livro vem tendo uma repercussão crescente no Brasil, no Uruguai e Argentina.
Satolep Sambatown (2007) trata-se do encontro dos universos muito particulares dos artistas Vitor Ramil e do percussionista carioca Marcos Suzano. No final de 2008, Vitor recebe no Theatro Municipal do Rio de Janeiro o Prêmio TIM de Música (futuro Prêmio da Música Brasileira) como melhor cantor, na categoria Voto Popular. 2008 também é o ano de lançamento do romance Satolep.
No inverno de 2009 Vitor dá início, em Buenos Aires, Argentina, às gravações de seu álbum (CD + DVD documental), délibáb. Seu projeto é reunir as milongas que compôs para versos do poeta argentino Jorge Luis Borges e do poeta rio-grandense, do Alegrete, João da Cunha Vargas. Os dois poetas completariam 110 anos naquele período. O único músico a tocar com Vitor nessa produção, cujos arranjos se resumem a dois violões, é o violonista e compositor argentino Carlos Moscardini. Caetano Veloso faz uma participação especial, dividindo com Vitor os vocais de Milonga de lós morenos. A palavra húngara délibáb significa “miragem”, em espanhol, “espejismo”.
Com esse trabalho, Vitor ganha o Prêmio da Música Brasileira como melhor cantor, categoria música regional e também o disco délibáb ganha 4 troféus no Prêmio Açorianos.
Em 2012 dá início às gravações do álbum duplo Foi no mês que vem. Planejado inicialmente para ser um disco solo, voz e violão,  Foi no mês que vem torna-se um amplo encontro do compositor com músicos e intérpretes brasileiros, uruguaios e argentinos ligados de uma forma ou outra à sua carreira. Participam: Milton Nascimento, Jorge Drexler, Fito Paez, Ney Matogrosso, Kleiton e Kledir, Pedro Aznar, Carlos Moscardini, Marcos Suzano, Kátia B, André Gomes, Santiago Vazquez, Franco Luciani, Ian Ramil, Isabel Ramil, Bella Stone, Carlos Badia e a Orquestra de Câmara Theatro São Pedro. O lançamento do trabalho aconteceu no ano de 2013.
O disco foi gravado em Buenos Aires (por Matias Cella) com gravações adicionais no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Dublin, Irlanda. A mixagem (por Moogie Canazio) e a masterização (por Ron McMaster – Capitol) são feitas na Califórnia, EUA. O Vitor Ramil – Songbook (editora Belas-Letras) tem produção e lançamento simultâneos ao disco.
O disco Foi no mês que vem recebeu 5 prêmios Açorianos, incluindo o de álbum do ano.
Em 2014 também foi lançado o livro A primavera da pontuação pela Cosac Naify.
Preparamos dois programas que mostram músicas desse novo trabalho FOI NO MÊS QUE VEM de Vitor Ramil. O segundo programa estará disponível na próxima semana.
Divirtam-se e comentem!

Ouçam Aqui – Programa 22/2014 (P1)


Programa 22/2014 – Vitor Ramil – Parte 1 – (Programa 1)

Programa 22/2014 – Vítor Ramil – Parte 2  – (Programa 1)

Ouçam Aqui – Programa 22/2014 (P2)

Programa 22/2014 – Vitor Ramil – Parte 1 – (Programa 2)

Programa 22/2014 – Vitor Ramil – Parte 2  – (Programa 2)

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http://www.vitorramil.com.br/

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