O SUL EM CIMA dessa edição mostra o trabalho do compositor, poeta, músico e pesquisador ARTHUS FOCHI.
ARTHUS FOCHI
Compositor e poeta carioca, diretor geral do selo Cantores del Mundo. Como articulador, promove a Peña Cultural Auá no Rio de Janeiro e pesquisa desde 2007 cultura e ritmos latinoamericanos, traçando diálogos entre a cultura brasileira e a da América hispânica. Com seu trabalho solo e de pesquisa folclórica, circulou por diversos países da América do Sul e Europa, tendo feito participação no último disco de Andrés Deus (Uruguay), e arranjos de violão no último disco de Cátia de França. Já dividiu o palco com Luis Perequê, Cuarteto Ricacosa (Uruguay), Tita Parra (Chile), José Delgado (Venezuela), entre outros.
Em 2017 lançou seu terceiro disco solo ”Suvaco do Mundo”, e atualmente, com o projeto ”Ano sabático”, lança uma canção a cada mês com participações de amigos de sua geração, nomes como Júlia Vargas, Ana Frango Elétrico, e Chico Chico.
Ano sabático:
Curiosamente intitulado “Ano Sabático”, ele consiste em faixas lançadas mensalmente, em parceria com nomes fortes da música brasileira e de outros países da América Latina. “A ideia do ‘Ano Sabático’ vem um pouco dessa perspectiva que temos no Brasil de que arte é hobby. Nos vídeos, aparecemos descontraídos durante o processo de gravação, pensando na forma, investigando, mostrando um pouco deste nosso processo laboral. Por isso chamo sempre uma participação, com intuito também de mapear essa nova geração, amigos que vivem da arte e que têm em comum a música como meio de sobrevivência espiritual e material”, conta Arthus.
Vamos mostrar nessa edição do programa O SUL EM CIMA uma deliciosa entrevista com Arthus Fochi e apresentar 6 músicas do projeto Ano Sabático já gravadas. As músicas com comentários são:
1- TESOUROS ARTIFICIAIS (Arthus Fochi / Lorena Pipa) – Interpretação: Arthus Fochi e Duda Brack
Unindo a estética latina presente no trabalho solo de Fochi às raízes da música brasileira e o rock na carreira de Duda Brack, a nova musica do projeto é mais inusitada. Misturando o Português com o Guarani, Arthus coloca em pauta uma discussão vigente: o colonialismo. Musicalmente, a composição também surge desses encontros – em meio ao groove moderno e pop, está o charango, instrumento andino e folclórico.
“O colonialismo não é mais discutido como algo pungente e severamente condicionante, o mundo globalizado trouxe uma espécie de cortina para nossa reflexão a respeito do colonialismo. A letra desta canção pode ser também uma metáfora de um fim de relacionamento, é bem direta, como se estivéssemos vendo o encontro entre Europeus e Pré-colombianos numa narrativa ficcional. Essa cortina só disfarça a nova roupagem dada ao colonialismo, e isso, no que diz respeito ao comportamento (racismo, autoritarismo, etc), é muito presente no dia-a-dia da América Latina. Como diria Boaventura de Sousa, ‘A grande armadilha do colonialismo insidioso é dar a impressão de um regresso, quando o que regressa nunca deixou de estar'”, reflete Flochi.
2- ESCOPA (ARTHUS FOCHI) – Interpretação de Arthus Fochi e Juliana Linhares (banda Pietá)
“Conheço a Juliana através do Pietá, estudamos na mesma faculdade e vi a formação da banda do início. A idéia de chamá-la veio através do projeto Iara Ira, na verdade. O projeto tem essa ideia de mapear, juntar amigos da cena atuante, e fortalecer os laços. No final das 12 edições, editaremos um documentário, estamos gravando entrevistas com os participantes para realizar esse projeto”, antecipa o músico.
3- NEGRA MATA (Ivo Vargas / Arthus Fochi) – Interpretação: Arthus Fochi e Júlia Vargas
A Julia é uma amiga de muitos anos, e a canção fiz em parceria com o Ivo Vargas, irmão da Julia. Fizemos em Ilha Grande na Praia de Palmas, a letra retrata um pouco o ambiente, metaforizando com uma relação amorosa.
4- RONDA NA MATA (ARTHUS FOCHI / TONI CARIOBA / JOSÉ DELGADO)- Interpretação: Arthus Fochi e José Delgado (Venezuela)
“Eu e José nos conhecemos através da Tita Parra e da cantora Kátya Teixeira. O José tem uma trajetória linda na música e tinha recebido um convite pra tocar em Brasília. Nessa época chamei ele pra participar da Pena Cultural Auá, nos tornamos grandes amigos e ele se transformou num parceiro e colaborador da Cantores del Mundo na Venezuela”, explica Arthus. Lá ele desenvolve o projeto ”Ciudad Cancion”
5- ÁGUAS PLUVIAIS (Lorena Pipa / Arthus Fochi) – Interpretação: Arthus Fochi e Ana Frango Elétrico
“Há pouco tempo, Ana lançou o seu primeiro disco ‘Mormaço Queima’, e tive certeza em chamá-la. A idéia do Ano Sabático é justamente diversificar, e a Ana seria um forma rara para o quadro. Ela gostou da idéia, escolheu a faixa que encaixava bem na proposta do que ela traz, e pronto, está aí o resultado! Ficou bem rock!”, conta Arthus Fochi.
A música “Águas Pluviais” é fruto da parceria entre Arthus e Lorena Pipa e fala sobre uma espécie de “realismo fantástico” encontrado na cidade do Rio de Janeiro. “Águas pluviais não explodem/ somente o gás/ Esgoto sanitário não explode/ Somente a Light./ Eu não quero explodir num bueiro/ No Rio de Janeiro”, diz a letra.
“A Lorena tinha vindo morar no Rio há pouco tempo, e é comum vê-la cantarolando melodias – a maioria com letra – nas suas caminhadas. Uma vez chegou em casa surpresa com os casos das explosões de bueiros no Rio de Janeiro, e com a ideia dessa música. Achei genial, depois sentamos e terminamos a canção em casa. A Lorena é uma daquelas compositoras que todo dia aparece com uma música nova. Logo ela vem com um disco certamente maravilhoso por aí”, adianta.
6- FIDEL CASTRO NÃO MORREU (ARTHUS FOCHI) – Interpretação: Arthus Fochi e Chico Chico
Arthus Fochi convida o músico Chico Chico para um dueto na canção “Fidel Castro Não Morreu”. A música foi composta alguns meses antes do líder cubano falecer. Com forte teor político, a letra fala sobre credibilidade e mudança de paradigmas. “A letra fala de um momento político em que os partidos e ideologias que nortearam todo o século XX não possuem mais credibilidade, porém continuam com uma força, dúbia e rançosa, e sem uma nova fórmula que substitua essas peças. Fala de um mundo virtualizado, onde certos conceitos como revolução já não tem sentido circunstancial. Onde o filho, o novo, não tem alvo, nasce perdido nas nuvens da razão”, explica Fochi.
Contatos:
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