Nessa edição de O SUL EM CIMA, vamos mostrar os trabalhos de Pâmela Amaro e Glau Barros.
PÂMELA AMARO – é atriz, cantora, musicista, arte-educadora e compositora porto-alegrense. Nos últimos anos, tem se destacado como uma das vozes do samba no estado do RS, principalmente, a partir das composições que abordam temas variados, sempre positivando narrativas acerca das mulheres negras. Ativista cultural, toca cavaquinho, percussão e tem longo caminho na cena teatral elencando grupos como Usina do Trabalho do Ator (RS), Grupo Caixa Preta (RS), Turma do Pé Quente (RS), com atuação no cinema e em musicais. Integrou grupos musicais formados por mulheres musicistas, destes o mais atual é o grupo Três Marias. Em 2020, lançou seu primeiro EP solo, Veneno do Café, apresentando sua veia no samba de partido alto. No mesmo ano, a artista foi contemplada pela Natura Musical para realizar a produção do seu primeiro álbum, Samba às Avessas. Patrocinado pela Natura Musical e financiado pela Pró-Cultura e Governo do Estado do RS, o trabalho destaca a vertente autoral da artista, em sintonia com as narrativas do universo feminino, plural e complexo. No disco de estréia, Pâmela Amaro recebeu consultoria artística da múltipla artista, a sambista Nilze Carvalho (RJ), durante o processo de produção musical. Além de tê-la como convidada para cantar e gravar bandolim na faixa-título Samba às Avessas, o álbum também contou com a participação das artistas Maíra Freitas (RJ) e Yzalú (SP). Já do Rio Grande do Sul, Pâmela convidou o Coral Tekoa Ywy Poty para participação na canção Saudação a Tupan, que homenageia o avô paterno, vítima de Covid-19, em 2020.
Pâmela Amaro se desafiou como produtora musical partilhando a função com Tuti Rodrigues, também diretor musical. Os arranjos das 12 faixas do álbum são dela em parceria com Tuti e Max Garcia. O disco elencou 33 musicistas, destes, cerca de 16 são mulheres. A gestão executiva do projeto é do Coletivo Palma e a direção artística de Tiago Souza.
O disco ganhou o mundo no dia em que Dona Ivone Lara completaria 100 anos. Uma data simbólica e que não foi escolhida por acaso. Foi porque o avesso do samba de Pâmela é também uma reivindicação da história feminina dentro do gênero musical, ainda dominado pelos homens. Mas não é só a lógica masculina que o samba de Pâmela vira do avesso. É também a idéia de que o Rio Grande do Sul não é terra de tambores quando na verdade, aponta a artista, vem daqui uma das tradições sambistas mais fortes do Brasil. Pâmela almeja que o resto do país ouça seu disco e saiba que ali está um exemplar do samba que há tempos se cria, se canta e se toca no Rio Grande do Sul. Faz isso, sobretudo, por meio de arranjo de instrumentos ancestrais na cultura afro-gaúcha, mas pouco utilizados no samba do restante do país, como o sopapo cunhado por Mestre Giba Giba. O resultado são sonoridades que remetem aos terreiros do batuque e ao jongo das comunidades negras rurais, referenciando também a formação indígena do Rio Grande do Sul. ‘Estou experimentando traços de diversas referências culturais negras e desejei mostrar elementos da cultura negra gaúcha. Não poderia deixar de fora o maçambique, o sopapo e o batuque. Já o jongo, é uma paixão que tenho. Apesar de oriundo do sudeste do Brasil, dado o contexto de apagamento das nossas culturas africanas, me senti convocada a somar na difusão das origens do samba’, explica a cantora.
Músicas: 01 – Pedido a Osun – Pâmela Amaro // 02 – Saudação a Tupan – Jorge Onifade – feat. Coral Tekoa Ywy Poty // 03 – Deixa que eu vou te contar – Pâmela Amaro – feat. Maíra Freitas e Yzalú // 04 – Samba às avessas – Pâmela Amaro – feat. Nilze Carvalho // 05 – Oferenda – poesia Oliveira Silveira e Pâmela Amaro /Canoa de Preto Velho – Jorge Onifade e Pâmela Amaro / Bença – Pâmela Amaro e Luciana Carvalho // 06 – Samba Arte Popular – Wellington Pereira / Raphael Pereira / Xanndy Sy e Luciano Magalhães.
GLAU BARROS – Com 30 anos de carreira e 20 nas artes cênicas, Glau Barros é uma importante intérprete da atual geração de artistas gaúchos. Ela marcou sua presença no samba do Rio Grande do Sul com seu álbum de estréia, ‘Brasil Quilombo’, lançado em 2019. Neste trabalho, interpreta sambas de compositoras e compositores gauchos, além de releituras de consagradas canções do gênero. O álbum conquistou o Prêmio Açorianos 2020 de DVD do Ano e o prêmio de Revelação, além de duas indicações: melhor intérprete de MPB e melhor espetáculo.
Glau nasceu em Porto Alegre, mas mora em Gravataí, onde desenvolve sua carreira. Iniciou nos anos 90 cantando com uma banda de MPB e Pop Rock. Depois em 2000, iniciou nas artes cênicas e fez parte durante muito tempo, do Grupo Caixa Preta de Teatro, que é o grupo onde desenvolveu trabalhos de atuação no teatro. Um grupo formado por atores, artistas, equipe técnica, produtores negros e negras, onde ela pôde exercer plenamente a atuação em diversos papéis. Na música, Glau canta de tudo, MPB, rock, blues, jazz, mas nos últimos anos tem se dedicado ao samba.
Além de marcar presença nos palcos, Glau Barros mostrou seu lado pesquisadora com o projeto ‘Sambaobá – A Raiz Feminina do Samba’. Com o objetivo de descobrir a raiz feminina do samba no Sul, sua investigação tem por finalidade visibilizar e reconhecer as mulheres sambistas de diferentes regiões do estado, como forma de fortalecer a narrativa feminina e o protagonismo dessas artistas.
Músicas: 01 – Iemanjá – Márcio Celli // 02 – O Peixe quer água – Antonio Villeroy // 03 – A Caixa e o Tamborim – Pâmela Amaro // 04 – Escolha – Gelson Oliveira // 05 – Brasil Quilombo – Luís Mauro Vianna e Zé Caradipia // 06 – No Braço com a Vida – Nelson Coelho de Castro
.
Contatos: