Nessa edição de O SUL EM CIMA, vamos mostrar os trabalhos de BEBETO ALVES, HUMBERTO ZIGLER, CAMILA MENEZES e GUTO AGOSTINI.
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BEBETO ALVES é compositor e cantor nascido em Uruguaiana/RS em 1954. Bebeto é hoje um expoente da música gaúcha, com uma trajetória que remete a história da música do Rio Grande do Sul. Em 1978, participou da coletânea “Paralelo 30”, que englobava somente artistas gaúchos. Seu primeiro disco solo, “Bebeto Alves”, foi em 1981, seguido por “Notícia Urgente”. Ele busca, entre outras opções, explorar músicas típicas do Rio Grande do Sul, como ranchos, toadas e milongas. Um de seus grandes sucessos foi “Quando eu Chegar”, lançado em compacto em 1984. Seus discos seguintes, Novo País, Pegadas, Danço Só, Milonga de Paus e Paisagem, mesclam a milonga e os ritmos gaúchos a diversos estilos como rock, reggae, pop e eletrônico.
Contraluz é o álbum autoral de músicas inéditas lançado pelo artista em dezembro de 2021 através do selo Produto Oficial e que pode ser apresentado como disco comemorativo dos 40 anos de estréia solo do cantor e compositor no mercado fonográfico. Na contracapa do CD, Bebeto diz: “Acho que cheguei em um outro lugar, o lugar de um novo velho artista que se restabelece com uma nova velha idéia do que significa estar aqui e, apesar de tudo, cantar. Essa nova velha idéia é essa contraluz através da qual tento de todas as formas me reconhecer e reconhecer a todos. Não sem dificuldade, mas com uma vontade imensa de acreditar, que ainda podemos ser melhores do que já fomos um dia”.
Músicas do álbum Contraluz: 01 – BEAT – Bebeto Alves – Adaptação Musical do livro ONTHEROADAGAIN de Atílio Perez da Cunha (Macunaíma) // 02 – UM BRILHO EM TEU OLHAR – Bebeto Alves / Renata Arruda // 03 – CONTRALUZ – Bebeto Alves
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HUMBERTO ZIGLER é baterista e percussionista, nascido no RS. Vindo de uma família de pescadores, conheceu a música por meio dos tios músicos e não tardou a se tornar um apaixonado pelos ritmos. Logo passou a tocar na noite de Florianópolis, em bandas de baile e grupos de samba. Na mesma época, se aperfeiçoou na bateria com o mestre Kiko Freitas.
Em 1999, fixou residência em São Paulo. Trabalhou como professor em várias ONGs e no projeto Guri (Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo), onde foi responsável por preparar os alunos de percussão para a apresentação com o pianista Arthur Moreira Lima, no 31º Festival de Inverno de Campos do Jordão. Também ministrou residências de percussão e prática de conjunto no projeto “Música para a Vida”, em Guaramiranga (Ceará), resultando em uma apresentação no “Festival de Jazz e Blues de Guaramiranga”.
Em novembro de 2021, Humberto Zigler lançou o álbum “The Fisherman”, três anos após a pré produção iniciada em 2018. O álbum sintetiza os 30 anos de caminhada do músico e é um projeto que nasceu da necessidade de traduzir experiências com as múltiplas linguagens vivenciadas ao longo de sua carreira.
Ao dividir o palco por muito tempo com sambistas e músicos de New Orleans (EUA), Humberto vislumbrou uma conexão primordial com sua ancestralidade, nos tambores primitivos da África. Iniciou, assim, a sua pesquisa a partir das músicas originárias do oeste africano e suas ramificações pelo mundo, identificando elementos que estão na base tanto da música tradicional brasileira – o maxixe, o ijexá e o maculelê – quanto nas músicas tradicionais de New Orleans o second line e o mardi gras. A partir de um repertório que já vinha sendo apresentado parcialmente em alguns workshops e oficinas, Humberto Zigler resolveu registrar sua pesquisa também em um CD.
The Fisherman, que foi lançado em formato físico e digital pela Kuarup, conta com a participação de 17 músicos, além do próprio Humberto Zigler, que também é responsável pela produção musical e executiva.
Músicas: 01 – SACI – Humberto Zigler // 02- IT AIN’T MY FAULT – Joseph “Smokey” Johnson e Wardell J. Quezergue // 03 – TACHO – Hermeto Paschoal – A composição do genial Hermeto ganha uma nova introdução com a música incidental “Chamada de Aricury”, presente na obra “Missão de Pesquisas Folclóricas”, de Mário de Andrade.
CAMILA MENEZES é multi-instrumentista, compositora, arranjadora, maestrina e produtora musical. Artista atuante da efervescente cena musical de Belo Horizonte/MG, integra a banda de indie pop Dolores 602, com a qual conquistou, por suas composições, oito premiações em festivais. Versátil, também participa da banda Tutu com Tacacá, que funde ritmos mineiros e do norte, como o carimbó. A mineira também toca baixo na banda da cantora Marina Machado e é, desde 2012, maestrina do Coral Casa de Auxílio e Fraternidade Olhos da Luz (Sabará/MG), que vai do tango ao Folk, passando pelo canto coral tradicional e pelas músicas regionais brasileiras. Psicóloga de formação, mestra em Psicologia Social, também dá aulas particulares de violão, baixo e ukelelê. No ano passado, iniciou uma nova fase de sua trajetória, agora em carreira solo, evidenciando não somente suas habilidades como cantora e compositora, como também instrumentista e produtora musical. Responsável pela realização de todas as etapas da produção de suas faixas, seu talento marca os ouvintes com sua voz doce e afinada, ao lado de experimentações rítmicas que valem muito a pena.
Para celebrar a Rainha das Águas, Camila Menezes, lançou em fevereiro de 2022 seu quarto single em carreira solo. Ampliando suas experimentações com viola caipira e ritmos brasileiros, dessa vez a artista incrementa sua produção musical com elementos percussivos. O samba de roda da Bahia dá luz às cenas que Camila descreve à beira do mar. O “Samba para Iemanjá” é entoado junto às percussões de Débora Costa, convidada pela autora, para criar o cenário lúdico e dançante proposto pela canção. Camila já apresentou a música ao vivo em saraus e num festival de composições femininas e, como a receptividade foi muito boa, decidiu dar à canção uma roupagem de estúdio. Como resultado, o single nos mostra a evolução do trabalho de Camila Menezes que, no seu primeiro EP solo, Bença, lançado recentemente, já se aventurava com sua viola entre o maracatu e a música eletrônica.
Músicas 01 e 02 de Camila Menezes do EP Bença de 2021 – 01 – LOUVAÇÃO À (MINHA) MÃE // 02 – PARA TI // 03 – SAMBA PARA IEMANJÁ – single lançado em fevereiro de 2022
GUTO AGOSTINI – Maçanilha, de 2021 é o segundo trabalho autoral de Guto Agostini. Depois de Fim de Ciclo de 2015, o cantautor segue firme no propósito de retratar em suas composições a identidade do sul-rio-grandense habitante do meio urbano, em outras palavras, do gaúcho da cidade. Embora o termo “cantautor” não seja amplamente divulgado aqui no Brasil, sabe-se – através de pesquisa – que é utilizado em outros países como sendo o artista que trata em suas composições de temas sociais, políticos e cotidianos. A começar pelo título do disco – Maçanilha – que já trava um diálogo entre as coisas do campo e da cidade, tendo em vista que nem todo mundo sabe que maçanilha é sinônimo da tão urbana camomila. Nesse sentido, mas em termos de composição, todas as músicas e melodias trazem um pouco do mundo nativista mesclado ao universo mpb e pop. Os arranjos, a produção musical e a maioria dos instrumentos estiveram a cargo de Fernando Machado (Estúdio RNL – Vacaria/RS). Participaram como instrumentistas Rafael de Boni (acordeon) e Percy Arias (quena e zampoña – flautas andinas). E com as letras não é diferente: são temáticas universais, ditas da forma como as gentes do Sul falam, às vezes com mais outras com menos expressões idiomáticas.
Maçanilha é uma obra autoral que pode ser classificada no gênero MPG (Música Popular Gaúcha), mas traz duas regravações de nomes exponenciais no cenário gaúcho. Uma delas é O Rastro e a Poeira, de Miro Saldanha, em que o autor prestigia Guto num dueto de voz; a outra é a linda balada De um Olhar que Some, de Carlos Machado e Fábio Peralta, apresentada originalmente na 4º Galponeira de Bagé, em 2007. As demais músicas são totalmente autorais.
Músicas:01 – AURORA – Guto Agostini // 02 – CORAÇÃO SEM FRONTEIRAS – Guto Agostini // 03 – O RASTRO E A POEIRA – Miro Saldanha
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