O SUL EM CIMA dessa edição faz uma homenagem ao grande cantor, compositor e instrumentista GIBA GIBA.
Natural de Pelotas (6/12/40 – 3/2/2014), o cantor, compositor e instrumentista Gilberto Amaro do Nascimento, mais conhecido como Giba Giba, é um percussionista reconhecido nacionalmente, sendo considerado pela crítica especializada um dos maiores expoentes na utilização do tambor sopapo, instrumento que representa a identidade musical do Rio Grande do Sul. Suas músicas já foram gravadas por artistas como Vitor Ramil e a dupla Kleiton & Kledir.
Difusor da cultura negra no estado, ele foi um dos fundadores e primeiro presidente da Praiana, na década de 1960. Criou e participou de festivais de música, foi conselheiro de Cultura do Estado do Rio Grande do Sul e laureado cidadão emérito de Porto Alegre pela Câmara de Vereadores. Ao longo de sua trajetória, o artista recebeu o Prêmio Açorianos de Melhor CD (1994) pelo disco “Outro Um”, concebeu e participou de grandes espetáculos, como A Ópera dos Tambores e Missa da Terra Sem Males. Ele também é o autor do projeto cultural Cabobu, que resgata a memória cultural do Rio Grande do Sul.
Giba Giba foi um dos grandes expoentes da cultura negra no Rio Grande do Sul. O músico pesquisou em profundidade a musicalidade afro-brasileira no Estado. “Ele teve uma carreira tímida fora do Rio Grande do Sul, até por não ser um músico popular. Mas dentro do nicho da música negra, da percussão, é um referência no país inteiro” – destacou o crítico musical Juarez Fonseca.
Já a cantora Loma Pereira lembrou da importância do percussionista no resgate da história da música negra do Rio Grande do Sul: “Ele foi o precursor do resgate do sopapo. Colocou o tambor embaixo do braço e percorreu o Rio Grande do Sul e o Brasil contando a história do instrumento, a partir de como este chegou ao Litoral Sul. Muitos seguidores se uniram a esta pesquisa e conferiram a importância que o instrumento tem para a região”.
A pedido de ZH, o músico Richard Serraria escreveu um depoimento sobre o amigo: “Certas figuras são a síntese de fatos e lendas. De fato, Giba Giba em vida entendeu bem cedo ser sua missão dar destaque ao tambor de sopapo, herança dos negros que construíram o estado do RS através do árduo trabalho nas charqueadas no período colonial sob regime escravista. Sua obra é viva nesse “Lugarejo” e seus seguidores permanecerão batendo tambor para lembrar que o estado mais meridional do país, entendido por muitos como a “Europa do Brasil”, também é, inegavelmente, a “África do Brasil”.
Vamos mostrar nessa edição de O Sul em Cima as músicas:
01 – Lugarejo (Giba Giba / Wanderley Falkemberg), 02 – Outro Um (Giba Giba / Xyko Mestre), 03 – Negro Mina India Belmira (Giba Giba / Nelson Coelho de Castro), Tassy(Giba Giba / Maria Betânia Ferreira), 05 – Teresópolis (Giba Giba), 06 – Beirando o Rio(Giba Giba / Celso Ferreira), 07 – Bata Beta (Giba Giba / Wanderley Falkemberg), 08 –Feitoria (Giba Giba / Maria Betânia Ferreira), 09 – Caboclinha (Giba Giba / Xyko Mestre), 10 – Areal da Baronesa (Giba Giba), 11 – Cerco à Princesa (Giba Giba / Toneco), 12 – Sopapo (Giba Giba / Toneco / Ivaldo Roque / Pery Souza / Maria Betânia Ferreira) / 13 – Lugarejo (interpretação de Simone Rasslan do CD Xaxados e Perdidos), 14 – Tassy (interpretação de Kleiton & Kledir).