Nada pensar

Em tempos de férias qual a melhor coisa a fazer? Nada! Nada pra pensar, nada pra dizer… Parece fácil mas não é. Um ser condicionado a vida inteira a “fazer” sempre alguma coisa fica sem prumo se não estiver ocupado com algo. E eis que as férias passam como  todos os anos e aprendemos o que? Que é preciso aproveitar e trazer  esses pequenos vazios, cheios de rico silêncio, para  nosso dia a dia. Está zen demais esse papo? Então feche os olhos e escute! Há ruído demais no espaço do pensar! Quanto coisa inútil ruminando em nosso ser. Se for insuportável ou inviável tentar o nada fazer pelo menos faça o que tiver que fazer sem correr, para não deixar a alma para trás.

Marió no Canadá

Fiquei feliz em ver uma amiga feliz.
Ela foi para o Canadá e começa uma nova vida. Sabia que ela andava para aqueles lados e enviei
um sonho para que se divertisse um pouco com minhas molecagens.
Na resposta ela enviou boas notícias, recém casada, fotos e histórias de amigos novos e antigos.
Divido com vocês, na pasta de sonhos, essa história divertida com Marió, em Paris.
Sonhar vale a pena.

Marió em Paris

Rio, 8 de novembro de 2008
Estamos ao ar livre, acompanhados por gente jovem por todos os lados. O ambiente é de descontração e caminhamos conversando tranquilamente, numa passagem que nos leva a entrada de um restaurante ou um prédio qualquer. A turma que está a nossa volta, fica observando-nos. Talvez me conheçam da musica, sejam amigos da Marió, enfim, somos o foco das atenções ali, porém tudo de uma maneira suave e elegante.
Quando chegamos na porta de entrada, bastante alta, de arquitetura sóbria, peço para Marió parar e escutar-me. Quero fazer um agrado a ela de forma bem humorada. As pessoas sabem que sou músico, e revelo que gosto de criar musicas improvisadas para os amigos em determinadas situações, sempre com o intuito do exercício criativo e sobretudo pela diversão, uma brincadeira musical.
Depois de preparar as pessoas para o que vai acontecer, então improviso catarolando e sorrindo:

“Encontrei a Marió
Quando vivia em Paris
Um homem que a amava
Chupou o seu nariz…”

Todos caíram na risada com a rima engraçada e o clima seguiu naquela alegria.
Sentia-me como uma criança fazendo uma poesia de humor rudimentar, mas sem nenhuma maldade.
Não lembro se foi antes da piada ou depois mas em um determinado instante eu estava em suave silêncio, contemplativo, observando seu rosto que irradiava simpatia e otimismo, um momento da mais pura felicidade interior.

A MUSA

Mogi Guaçu, 18 maio de 2009
Ela morava na casa em frente. Linda. 25 anos talvez? Morava com sua mãe e alguns animais, cães pequenos na maioria.

A casa era toda envidraçada o que permitia vê-la circulando, o suficiente para me deixar apaixonado. Um belo dia tomei coragem e entrei. Ela me recebeu muito bem sem suspeitar de minha paixão. Sua mãe também era cordial e receptiva.

Depois de alguma convivência joguei-me sobre ela, um dia, e a beijei com vontade. Fui um pouco estabanado e quase caímos em cima da mesa, pelo impulso que tomei. Fui até o quintal onde cães vinham de todo lado. Consegui ficar calmo, apesar de ser um estranho entre eles.
Um novo beijo selou nossa relação. Fiquei mais tranqüilo. Ela porém,estava um pouco diferente, sua boca era menor, suas feições levemente alteradas. Parecia outra pessoa. Então fez a pergunta: “Porque você no primeiro beijo estava tão agitado?”. Fiquei em silêncio pensando que sentira vergonha de expressar minha atração por ela, foi um impulso, quis beijá-la de repente… Mas não falei nada.

Voltei para casa onde morava com um tia em uma ampla casa. Antiga, misteriosa. Ela chegou da rua e perguntou o que eu andava fazendo. Disse apenas que havia feito amizade com as vizinhas em frente e que elas me mostraram vários animais diferentes (creio que havia outros bichos pequenos além de cães).

Mais tarde caminhei para encontrar minha musa em um curso que fazia na mesma rua, mais adiante. Cheguei lá e falei com algumas pessoas. O pessoal era simpático, mas não fiquei muito tempo por ali, pois não a encontrei. Tinha coisas a fazer. Havia chovido e havia poças de água por todo lado. Não estava fácil de andar.

A última lembrança que tenho desse sonho é que caminhava, sem destino definido, mas carregava comigo o sentimento pleno da musa que sempre estaria comigo.