Esqueci de corrigir e comentar: Meus companheiros no prêmio Multishow (a tribo dos Tons) foram Milton Nascimento e Washington Olivetto.
Mês: agosto 2009
Lançamento Nacional, ou melhor, Mundial
E o enorme teatro até lotou
Incontáveis textos recitei
E a platéia nem se cansou
Com tanta música nova
Parecia no início paralisada
Mas depois de muito aplauso e risada
Se soltou e até o fim cantou e dançou
Vida boa essa do artista
Quando a platéia canta junto
Parecem anjos em coro, na penumbra
Que vieram iluminar o mundo
Agora estou em minha terra natal
Comendo Montanha Russa
Sempre deixo a persona lá fora
Nos palcos, na TV, na rua
Quem me vê assim nem reconhece
Pois imagem na mídia é sempre boa
Nas conversas frugais e roupa a toa
É que o tempo para e a vida voa.”
Criança Esperança
Foi uma emoção indescritível estar com as crianças do núcleo Criança Esperança – Rio de Janeiro no morro do Cantagalo (Pavão/Pavãozinho).
Apresentamos ontem (Kleiton e Kledir) nosso workshop “Letra e Música”. A partir daí foi criada e gravada a canção “Minha luz”.
Ficou muito linda mesmo!
Desejo que aquela turma maravilhosa leve para sempre a música no coração. Deu para perceber quantos talentos ali podem ser futuros grandes artistas “aqui e em qualquer lugar” como está na canção.
Conversei hoje com a Elena Quintana sobre meu novo livro. Isso me fez viajar no tempo… Lembrei de quando eu morava em Porto Alegre, dos papos na Francisco Ferrer. Com o sol de primavera iluminando nossos cérebros.
Prêmio MultiShow
O prêmio MultiShow é dia 18, terça que vem, as 21 hs.
Só para quebrar o jejum de minha ausência…
Águia – 11/06/2001
Correr,correr, correr sem pensar sentindo a chuva batendo no rosto. As pernas não respondem ,até me envergonham porque se atrapalham, parecem pernas de mulherzinha, os joelhos se batem um no outro, não há força. Onde está minha habilidade, que merda! Mas dura pouco essa sensação, o casaco grosso que segura todas as chuvas e frios que incomodava já foi afastado. Agora sim. As pernas são as minhas de adolescente, criança sei lá. Respondem firme a dificuldade imposta pela subida acimentada e molhada. Pisa quase na ponta dos pés mas com total desenvoltura e equilíbrio. Meu corpo é um só respondendo cada músculo em uníssono. Corro, corro, corro nada me amedronta. Nem mesmo todos os animais do bosque acinzentado. Sépia mas belíssimo na sua frieza sem igual, na sua transparência lúgubre mas honesta, na sua tranqüila solidão. Consigo me afastar como alguém que vence, daquela sensação desagradável e pesada de estagnação, daquilo que não me queria livre, daquilo que me sufocava. Volto meu olhar e a hospedagem ficou longe. Ouço fraca a voz da irmã que chama sinalizando que tenho de voltar. Tenho que voltar, mas voltarei agora com todo o vigor que adquiri. Ou mais! Serei mais na volta. A volta não é para voltar ao passado ruim. É uma maneira de ir ao encontro de um novo momento. Lá serei outro.Tenho de aproveitar a volta também para crescer. Às vezes um retorno físico, uma medida em metros, quilômetros pode ser apenas uma ida mais longe. È na verdade sempre uma ida. As idas e vindas da vida são na verdade apenas idas pois a vida não retorna jamais . Apenas nos iludimos. A cada segundo, a cada metro percorrido não importa em que direção, estamos indo!!! Começo o caminho de volta, ou de ida ponto de partida ou de chegada, não importa. Meus pés voam. Flutuo sobre os escombros. Cada salto que dou sinto-me como na lua sem gravidade. Meu corpo desliza suavemente e vai muito além do que iria normalmente. Estou no comando disso. Quase caio sobre um chacal. Ou é um outro mordedor de gente, tolhedor de liberdade? Sigo meu vôo corrido, minha corrida voada.
Na arrancada havia o gosto da liberdade. Agora existe o risco de perde-la, mas não deixarei de graça. Pra tudo há um risco e estou ali faceiro , perdendo um pedaço talvez mas feliz por correr o risco, por não estagnar, por não me deixar iludir por mim mesmo por falsas comodidades. Um pássaro agressivo se agarra em minha perna, em minha bota. Estou chegando e ele insiste em não largar do meu pé!Sacudo a bota até que ele solta.
Estou com a adrenalina a mil e toda minha alegria interior se expressa através do meu corpo que parece maior que o normal. Meu irmão diz: “Tu viste o risco que correste? Havia uma águia branca ao teu lado”. A imagem maravilhosa da águia branca de asas abertas levitando paralela a mim que corria tresloucado, que voava ao lado no seu vôo baixo, vem fascinante à minha imaginação. O perigo e a nobreza, o bico adunco e temível e o planar inigualável, o branco da paz e o sangue da rapina, o sonho e a realidade dentro do sonho, ali juntos,contraditórios e harmônicos, ao meu lado. Dentro de mim, por mim e contra mim. Minha irmã alerta “Já aconteceu com uma criança e foi terrível!” . Percebo o risco que corri tantas vezes em minha vida sem saber, sem perceber a sede, a necessidade sem fim de ter a águia a meu lado sem saber, o gosto da liberdade mesmo que a um alto preço, mesmo que correndo um risco que nem tenho condições de mesurar.
A hospedagem é linda e rusticamente aconchegante. Mas o bosque é de uma beleza difícil de descrever pois a beleza é uma questão subjetiva. Entre os plátanos (?) há espaços, há transparência, há silêncio vivo. Os animais jamais estão em grupo. Há espaço para eles e eles estão sós em cada recanto, em cada lugar solitário e cheio de vida pacífica. Enquanto entro nesse lugar desconhecido e tão familiar, estou apaixonado por mim mesmo e apaixonado pelo exterior que é belo mas que esta mais belo em ressonância com meu desejo de viver. Se estivesse triste talvez o bosque fosse triste, sem graça. Talvez os animais não estivessem ali. Ou talvez fossem enormes e devoradores. Todos eles são pequenos, nos máximo do tamanho de um cão. Que belo paraíso me deste viagem (minha) inconsciente, mais que consciente dentro da ilusão do sonho.